Associação dos Sem Carisma #161
Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim? FALTA DE CARISMA
Estamos no clima pascoalino aqui nesta associação. E a gente sabe que datas como essas envolvem socialização familiar e alguns traumas. Porque Páscoa não é Páscoa sem esses momentos.
Vem já se preparar para o que você vai enfrentar no domingo!
Feriadinho mais que justo
Hoje nossa presidenta está aproveitando essa belíssima sexta-feira Santa chuvosa que temos aqui em São Paulo.
Ela manda aquele Feliz Páscoa para vocês, e semana que vem está de volta. ;)
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Autonomia para quem? KKK
Essa semana fez um ano desde que abandonei o trabalho como produtora de TV e Internet para me dedicar totalmente aos podcasts, roteiros, ao conteúdo do Instagram e à carreira de apresentadora, que é o meu grande sonho. E eu confesso que nada foi do jeito que eu imaginei durante esse processo. Muito menos me encontrar no estado em que me encontro agora, kkk. Completamente abublé das ideias.
Não foi uma decisão fácil de tomar naquele momento, afinal, todo mundo precisa pagar as contas e procurar fechar o mês em dia, e um trabalho fixo te dá mais essa garantia. Naquele momento vi que dava, financeiramente falando, então respirei fundo e fui no cagaço mesmo de tudo dar errado ou não.
FÉ, MUITA FÉ! Era o mantra.
Nesse último ano, eu vivi experiências e realizações de trabalho que nunca imaginei que viveria, que me fizeram chorar de emoção, de tão completa que me sentia naquele momento, mas ao mesmo tempo quando passava, um vazio também me invadia. E eu tenho certeza que esse vazio vem da incerteza, do medo de não fechar mais trabalho, da carreira ficar parada ou decair do mais absoluto nada.
O lance de ser autônomo, frila e tal, você tem que saber se organizar muito bem e é difícil, tanto na rotina quanto financeiramente. Mas o pior para mim é lidar com a expectativa e a angústia, esses se tornaram exercícios constantes na minha vida atualmente, e eu confesso que ainda não me acostumei bem.
São propostas de trabalho incríveis que chegam e muitas vezes não fecham, projetos que a gente se dedica e não vão para frente, não superam as suas expectativas. Nessas horas, dá vontade de mandar tudo a merda, desistir de tudo, kk e procurar um trabalho CLT.
Sou refém do capitalismo? KKKK Não sei lidar bem com o ócio e improdutividade? Não lido bem com a quebra de expectativas? POIS BEM, KK.
Esses últimos meses tem sido bem difíceis para mim, mas eu me apego de que na vida nada é uma constante e que esses momentos de caos passam, e de certa forma fazem a gente recalcular a rota. Eu estou recalculando a minha aqui para, em breve, apontar a bússola e seguir.
O conservadorismo progressista
Para quem habita o lamaçal que é o Twitter, a semana começou com a pior polêmica possível. Uma moça, belíssima, estava fazendo uma receita de camarão na moranga. Vídeo lindo, bem feito, que transmitia paz e calma. Usando uma blusa decotada, mas que não mostra nada demais. Aí veio quem? O tuiteiro. O tuiteiro polemicão. E começaram a dizer que a moça estava fazendo um soft porn de tradwife para incel.
(Pequeno glossário:
Tradwife = mulheres que exaltam o conservadorismo e a submissão ao homem estando sempre arrumadas fazendo os afazeres da casa.
Incel: internauta que nunca transou na vida e odeia mulheres porque elas não querem dar pra ele.)
E sabe de quem partiu esses comentários? Da galera de esquerda. Homens com bonezinho do MST. Teóricas feministas. O pessoal dito progressista que, de uns tempos pra cá, parecem uns velhos nascidos em 1950 onde TUDO que envolve sexo (e mulher) é problematizado.
E sim, devemos problematizar casos que realmente são danosos. O que não é o caso do vídeo do camarão na moranga. Não tem nada de sexual naquele vídeo, nada que sugira algum ato libidinoso. É só uma mulher bonita fazendo uma receita. Mas para o homem esquerdinha, era pornô. A moça, inclusive, teve que fazer um perfil no Twitter para se defender e dizer que o conteúdo que ela faz não tem nada a ver com isso.
Percebe a hipocrisia do comentário? A volta mental para justificar o sexismo e machismo do próprio homem que, batendo o olho numa mulher bonita, já leva o negócio para o âmbito sexual. Porque a esquerda está cheia, cheíssima de homens machistas que fingem que entendem as mulheres, que apoiam elas, que usurpam discursos feministas para o bel-prazer deles. E o que mais dói é ver uma quantidade grande de mulheres concordando.
E isso não passa de mais um mecanismo para controlar as mulheres e o que elas fazem com seus corpos. Porque daqui a pouco, qualquer mulher que mostrar um decote, um peitinho, um pedacinho da papada da bunda apenas porque ela quer, será taxada de produtora de conteúdo pornográfico porque o esquerdinha médio de cabeça minúscula não é capaz de segurar seu impulso sexual. Porque o cara que disse isso certamente pensa que a mulher, ao mostrar o corpo, está "pedindo" alguma coisa ou satisfazendo os desejos masculinos. Pegando discursos progressistas para enfiar goela abaixo um raciocínio machista. Querendo, de novo, colocar a mulher numa caixinha protegida "para o bem dela". Pô, sérião: não tem nada mais escroto do que isso.
Deixa a gente ser gostosa, tá? O fato de eu tirar umas fotinhas sensuais, ou de me arrumar para falar de alguma coisa na internet, não significa que eu esteja fazendo conteúdo para satisfazer o internauta punheteiro. E assim: a gente sabe que, independente do que falarmos e vestirmos, vai ter caras sexualizando tudo. Se a gente usar um moletom largo já vai ter cara imaginando o que há por baixo daquele moletom. E esse conservadorismo disfarçado de preocupação nada mais é do que mais uma arma de controle, que daqui a pouco vai descambar para o mais puro conservadorismo. E conservador nem é gente.
Eu quero uma vida de loira platinada
Conhecer gente nova me faz suar
Recentemente, iniciei meus estudos na faculdade e me deparei entrando um minuto atrasado em uma sala com aproximadamente 20 alunos, número muito mais que suficiente para me fazer tremer na base e suar minhas mãos. É impossível entrar em contato com um novo ambiente e ficar são da cabeça, quando vejo já estou tomado por 328 nóias do tipo “será que aquele meu meio-sorriso causou uma boa impressão em alguém?”; “será que dá pra ver que minha raiz não está muito bem retocada?”; “será que se eu tropeçasse na frente de todo mundo quebraria o gelo absurdo de uma sala silenciosa, ou apenas serviria como chacota para 20 alunos tímidos que continuam silenciosos?”. É realmente complicado, mas acho que o pior vem depois de passar pela porta e sentar na minha carteira.
A segunda e pior etapa de conhecer um novo ser humano é o contato direto. Nessa hora se torna impossível calar a minha boca. Faz quinze minutos que conheci novos possíveis amigos e estou tão preocupado com a primeira impressão que causei que torno minha missão de vida descobrir o que cada pessoa andou pensando sobre mim. Começo a perguntar coisas do tipo “preciso retocar a raiz, você percebeu?”; “certeza que meu desodorante venceu, dá pra sentir?”. Todas as nóias criadas no primeiro momento tomam conta de mim e se expressam em cima de alguém que simplesmente não está nem aí.
Seria tão mais fácil fazer novas amizades se essas questões não existissem na minha cabeça. Acredito que esses pensamentos sejam um mix de querer ser aceito + adivinhar o que o outro está pensando, sendo que ninguém fixa tantas nóias sobre uma outra pessoa logo no primeiro contato. Tenho certeza de que a maioria dos quietinhos ali compartilha dessa mesma vontade complexa de deixar as nóias de lado e não se impedir de chegar no outro para fazer amizade. Se todos deixássemos essas palhaçadas de lado, já estaríamos marcando baladas ou tardes do chá.
De qualquer forma, continuo cobrindo minhas olheiras e marcando retoques mensais para não causar uma má impressão em ninguém.
Podcasts para sua Sexta-feira ser mais santa
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
Aliás, votem aqui no É nóia minha? para ele ser um dos 10 finalistas da categoria Podcast no Prêmio Ibest!
Se você entrasse num reality show, como você seria? Camila chamou Laura Vicente e Samir Duarte para noiar sobre isso no É Nóia Minha. Ouve aí!
Você tem coragem, mulher? À convite da Natura, Bertha, Isabela e Taize conversaram com a apresentadora Bianca Santos sobre ter coragem e arrasar falando de futebol. Ouve já!
No novo formato do Conselhos que você pediu, a Bela filosofa sobre o ressentimento. Dá o play!
E no Santa Reclamação de Cada Dia, a Taize fez não só uma reclamação, mas também uma defesa ao homem de cropped. Escuta!
Feliz Páscoa!
Ai, que delícia ter feriado, né? Provavelmente vocês estão lendo isso aqui no conforto de sua casa, ou no carro indo pro interior visitar os avós… Melhor do que ler no escritório, né?
Oh, aproveitem bem essa Páscoa, não roubem o chocolate de ninguém e não deixem seus chocolates dando sopa. No caso de alérgicos, não cheguem perto do chocolate.
Obrigada por estarem mais uma semana aqui com a gente.
Beijos pascoais,
Camila, Bertha, Taize e Claudio
Lembretes de encerramento:
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Conheça a coleção Sem Carisma na Tangerina Moon.
Nossos caderninhos e adesivos Sem Carisma na Marisco.
E nossos ítens para o lar Sem Carisma na Cosí Home.
E vem aqui conhecer o livro Quibe, a formiga corajosa.
Sem carisma assumida
A minha vida inteira ouvi: "Você é muito quieta, fale mais", "Você é muito séria, sorria mais", "Você tem cara de chata", ou "Você parece metida".
No começo eu não me importava, não entendia o que tudo aquilo significava, mas em algum momento durante a minha adolescência deixei aquelas palavras entrarem na minha cabeça e passei a tentar entregar o que pediam. Nunca consegui, é claro.
Na vida adulta, no ambiente de trabalho, as coisas se complicaram. Eu estava em um conflito interno, eu ficava entre o "Foda-se" e o "Quero ser aceita". Ainda é assim na verdade, preciso levar para a terapia.
Descobri a Associação sem Carisma por um corte no Tik Tok em que a Camila contava sua história. Adorei. Eu me identifiquei muito e tive uma sensação de libertação. Pensei: "É isso aí. Eu sou sem carisma também, e está na hora de assumir isso." E assim começou a minha jornada de autodescoberta e aceitação.
Obrigada por esse blog maravilhoso.