Depois de reler o livro, resolvi reler minhas páginas matinais do ano passado (e prometo que não vou reler mais nada até o fim do ano!). E foi com certo espanto que descobri algumas coisas que também mereciam ganhar este espaço.
Quando abri o caderno, confesso que até pensava em roubar da Bruna do passado algumas ideias para edições daqui do De Dentro Para Fora, já que em alguns dias vinham temas que eu abraçava e escrevia longamente. Imaginava que não encontraria lá grandes coisas, mas a memória é mesmo uma coisa muito curiosa.
Bom, havia sim algumas ideias e trechos que bem poderiam estar aqui (e talvez venham a estar). Mas o fato é que o restante poderia ser considerado uma prova irrefutável da geminiana dual que sou.
Do cansaço e medo, reconhecendo minhas fraquezas e rasgando o coração. Ao extremo oposto, cheia de euforia, otimismo e fé. É claro que dias neutros são os dias em que escrevi sobre algo para além de mim e das minhas emoções. Ou simplesmente não recorri ao caderno. Ainda assim, esperava que fossem a maioria. Definitivamente não eram.
A maior surpresa foi reparar a diferença que existe entre quem eu sou (e está tudo lá!) e quem eu gostaria de ser. Dias e mais dias falando sobre essa versão futura que até agora não aconteceu. Sempre uma ponta de esperança por uma Bruna melhor.
Reconheço esse desejo (necessidade?) de deixar para trás dores e traumas e construir uma versão mais tranquila e pacificada de mim mesma. Mas preciso confessar que a caminhada é longa e como diz minha querida amiga e escritora Oriana, mudar à nós mesmos é a tarefa mais difícil.
Sei que não sou perfeita, mas depois dessa leitura reparo como é mais fácil falar da imperfeição do que aceitá-la.
Em uma era em que tudo vira moda e vulnerabilidade já é palavra desgastada, mostrar nossa fraquesa atualmente pode até gerar likes e compartilhamentos. As pessoas se sensibilizam (afinal, queremos a confirmação de que não estamos sozinhos neste barco), mas diria que é possível separar os “bons defeitos” daqueles que você não quer nem passar perto. Acolher os da segunda categoria, sem dúvidas, é uma tarefa para os fortes.
Fico pensando neste espaço entre ser e idealizar. Mergulho em tudo o que não me orgulho e, insistentemente, tento escapar.
A gente sempre pode melhorar, eu sei. Nem sempre acontece da forma como gostaríamos, já que a ideia de progresso neste âmbito não se dá de forma linear. Ainda assim, não acolher a sombra é viver uma eterna negação. Fugir de si mesmo - como se isso fosse possível.
Já fiz imersões, terapia, já li muitos livros sobre autoconhecimento, escutei histórias de outras pessoas, estudei processos à fundo. E vou contar que a escrita é realmente uma ferramenta acessível e que conta demais sobre nós. Revisitar uma página do passado é conseguir se olhar com distanciamento, sem poder escapar de você mesma.
Até essa minha escrita, livre e sem muito intuito para além de “limpar” um pouco a mente antes de começar o dia, veio cheio de percepções preciosas.
O hábito do diário, ao qual nós mulheres somos apresentadas desde cedo, guarda uma parte importante de nós. O que ocupa nossa mente, o que pede nosso olhar, as emoções que nos atravessam. Uma fotografia de quem somos.
Para terminar seguindo o clima de ano novo, novos hábitos, te convido a se sentar, escrever e experimentar. Se você já escreve, mas nunca relê, não perca essa oportunidade, é potente demais. E, por último, se já escreve, relê e também ficou abismada com o que achou, compartilhe sua experiência comigo.
Termino adicionando à minha própria lista este importante item: apenas ficar com quem sou hoje.
De fora para dentro
O livro O Caderno Proibido, da Alba de Céspedes. Uma leitura interessantíssima, pois é um processo de autoconhecimento em curso e aberto para quem quiser acompanhar. Ainda não acabei, mas recomendo os áudios da Gabi no Telegram que foram responsáveis pela minha primeira leitura do ano ;)
Esse texto da
com o qual me identifico e me tocou profundamente:E esse podcast da
que dedico com todo o amor para minhas amigas - sou milionária nessa área da vida <3Obrigada por chegar até aqui 🌻
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Penso que quando a gente edita um texto, de certa forma a gente se edita. Mais uma vez estou eu aqui me identificando com suas vulnerabilidades, Bruna... Ao menos com aquelas que temos coragem de falar... Rs
Oi, Bruna. Obrigada por me referenciar em sua News. Fico bobinha que nem pinto no lixo. Brincadeiras a parte, achei bem forte essa coisa de acolher nossos piores defeitos. Vc já viu o quanto as pessoas não suportam ver elas mesmas cometendo atos falhos? Elas fazem, mas não querem que ninguém diga nada ou mostre. Elas não querem sentir culpa porque é difícil de digerir. Tava lendo há poucos dias sobre autoaceitação e está muito ligado a autoconhecimento como vc falou. Mas poucos são os que buscam a origem de seus comportamentos para corrigi-los, então insistem em seus erros, se envergonham e para esconder essa fraqueza gritam, agridem com palavras ou se utilizam de algum poder. Ainda bem que estamos lutando contra isso, e quem sabe ajudamos o mundo a ser um pouquinho melhor. Um abração.