digo logo o que vim pra buscar
Bom dia pessoal, Hoje a tarde estava me sentindo meio pra baixo, nada demais, aquela sensação típica de tantos e tantos domingos. Na hora do café, liguei para um avô (que não atendeu), liguei para outra avó,conversamos um pouquinho. Nessa hora, se eu fosse um bonequinho no The Sims, no painel de necessidades a barrinha teria passado do vermelho pra amarelo. A situação não estava mais crítica, mas ainda faltava algo. Quando a sensação de estar sozinha voltou a incomodar, abri o twitter. Ver se tinha alguma mensagem inesperada, uma treta para tecer opiniões ou uma uma corrente do tipo "curte aqui e eu te falo x coisa" para apaziguar a falta de afago trocando emojis com semi-desconhecidos. Mas nada disso. O que eu fiz então? Fui contar da newsletter para algumas pessoas. Não lembro se já comentei aqui, mas meu plano original era só divulgar pelo twitter, daí as pessoas que quisessem podiam se inscrever e as que não tivessem a fim podiam só passar reto. Era um bom plano, mas esqueci de levar em conta um detalhe importante: o algoritmo do twitter. Então pensei "quer saber, vou mandar mensagem para as pessoas mesmo". A maioria das mensagens foi num estilo meio "ah, tá aqui minha newsletter, não precisa se inscrever, só tô mandando porque você talvez não tenha visto no twitter" (essa parte eu lembro que comentei semana passada, minha memória não está tão ruim!). Nas de hoje não, troquei o "não precisa se inscrever" por "acho que você vai gostar de ler!" . Essa mudança já foi um avanço. Não que o "tô mandando caso você não tenha visto", apesar de verdadeiro, não passava de um recurso textual para eu não sentir que você tava se inscrevendo apenas porque se sentiu no dever. Mas, o que eu queria mesmo dizer, pra quem recebeu o link e pras pessoas que ainda não tive coragem de mandar, era "queria muito que você lesse o que eu tô escrevendo, porque tô bem orgulhosa do que vem saindo".Simples assim. E esse é o ponto da cartinha de hoje, falar sobre o que a gente quer mas não assume que quer. Tem as coisas que a gente não assume nem pra gente, mas daí é um tema mais espinhoso, por hoje vou focar no que a gente sabe que quer mas não diz pro outro. Tipo quando alguém pergunta "onde você quer jantar?" e em vez de dizer algum lugar a gente fica naquela lenga-lenga "ain você que sabe" e daí a outra pessoa, querendo agradar, escolhe um restaurante que não é nem o que ela queria (achou que você não fosse gostar) nem o que você queria (afinal, você não disse qual era) e ficam os dois emburrados a noite toda. Uma vez comentei com minha psicóloga que queria falar mais com algumas pessoas e ela, certeira, respondeu com "e você já disse isso pra elas?". Depois de alguns segundos de silêncio, tentando pensar em alguma justificativa, confessei: não, não disse. Ao longo da sessão, fui lembrando de exemplos concretos disso de não dizer o que se quer. Desde pré-adolescente, quando vou ver com meus pais se consigo carona para algum lugar, não consigo ser direta. Vou comendo pelas beiradas. "você trabalha amanhã de manhã, né? no centro, né?". Nessa hora, minha mãe, ligeira, já pergunta "o que você quer, Laura?". E daí sim eu me rendo e admito "bem, eu queria uma carona pro oftalmo". Tem uma história que gosto muito. Uma vez estávamos a família toda na casa da minha avó, todos os quartos ocupados e uns quatro ou cinco parentes dormindo no quarto dela. Ar condicionado ligadíssimo. Eu e vovó plenas embaixo do cobertor mas o resto morrendo de frio. Ao longo da noite, meu padrasto foi dormir espremido no closet, meu primo pegou as toalhas do banheiro pra se cobrir e o resto não lembro o que fez. No café da manhã do outro dia, um deles comentou sobre a noite e descobriram que todos tinham passado frio, mas ninguém tinha desligado o ar porque pensou "ah, para os outros deve estar bom assim". Resumo da ópera: sejamos claros com o que a gente quer, é mais justo com a gente e com o outro. Se parar pra pensar, isso já foi dito de várias formas. Na psicanálise falam de "bancar o desejo". Os manezinhos de Florianópolis falam "Se quésh quésh, se não quésh dish”. O ditado popular fala "quem tem boca vai a Roma" (momento professor Pasquale ataca novamente: já ouvi dizer que o certo era "vaia Roma", mas pesquisei agora e é lenda urbana).
Opa, acabei de mandar mensagem para uma amiga perguntando se ela queria ver a cartinha da semana antes deu enviar e lembrei que queria mencionar isso também. Várias vezes a gente conta de algo que fez e pergunta se o interlocutor quer ver. Mas, se a gente tá perguntando se a pessoa quer ver, é porque tem uma vontade de mostrar. Por que será que em vez de "amiga, pintei um quadro hoje, quer ver?" a gente não fala "amiga, olha o quadro que eu pintei hoje:"?
"Não se comunicar para evitar lidar com sentimentos e reações que você supõe que outra pessoa vai ter é absoluta codependência. Você não é responsável por como alguém se sente ou reage, mas você é responsável por comunicar seus sentimentos e necessidades"
Indicações da semana
Essa conta do instagram da qual peguei a imagem acima. Cada post é um "nossa, é isso!!!!!" diferente. Adoro o combo mensagens importantes + design tosco.
Aproveitando que tá na época de abóbora, esse bolo incrível e super tranquilo de fazer. Fiz três vezes já (cogitando pegar uma fatia do que fiz ontem assim que enviar essa cartinha).
Esse vídeo de alongamento, perfeito pra gente que passa o dia todo sentado. Os movimentos são bem simples, gostei de fazer. A meta é fazer todo dia, vamos ver se rola.
Hoje o Belchior cantou "tenho ouvido muitos discos" e meu irmão comentou "que nem você, mana", então vou indicar não um mas DOIS discos me embalaram nos últimos dias. Esse aqui que são músicos atuais cantando músicos brasileiros mais velhos (a maioria ainda atuais na real) e "Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo" que lançou dia 8. Nunca tinha ouvido falar deles até ver um story indicando e agora estou ouvindo em loop.
Meu vídeo comentando algumas leituras de 2020 (tô sempre comentando do que leio aqui com vocês, mas tenho que dar uma segurada se não não vai ter nada de novo pra se falar no de 2021).
Esse texto que li para aula de Espanhol sobre gestos que têm significados diferentes pelo mundo. Além de ter várias curiosidades (eu amo), a pessoa que escreveu é muito espirituosa, dei boas risadas lendo.
A playlist da semana é essa aqui, feita em parceiria com meu amigo Ivan para agradar todas as tribos: metade Taylor Swift, metade Kanye West
(ainda sou bem ruim em formatar nesse site, mas descobri agora essa função de colocar linhas horizontais e agora tô me achando toda)
Se cuidem,
Com carinho,
Laura
p.s. essa foi a cartinha mais longa até agora (tnão foi proposita, mas tem um contador de palavras no canto inferior da tela), mas se ainda assim quiserem estender o papo, tá todo mundo sempre convidado a responder as cartinhas (só responder esse e-mail, ou mandar uma mensagem mesmo).