Bom dia!
Gostaria de dar boas-vindas aos novos assinantes da newsletter! Depois que Amanda Pessoa, amiga querida e escritora por trás do Cartas de Amanda, recomendou a newsletter, muitas pessoas novas chegaram por aqui. Obrigada por isso! Eu espero que este e-mail chegue até você como um aconchego nesses dias frios. Eu sinto que pulamos a primavera e o verão e estamos no outono de novo.
Este e-mail, para variar, deveria ter sido entregue no dia 02 de Setembro de 2022. Mas, com a correria da vida (eu fui até banca de mestrado neste mês!), a data foi sendo protelada, mas até meia-noite de hoje ainda é setembro, ou seja, dá para encaminhar este e-mail para vocês em tempo rs.
Ao longo do mês, um tema recorrente em conversas, livros e afins foi: Sonhos. Amanda escreveu um texto lindo sobre isso, e parece que houve uma sintonia entre muitas coisas que eu vi e que traziam o tema sob diferentes perspectivas.
Em um desses dias caóticos do mês, eu resolvi assistir a um seriado que o Netflix insistia em me recomendar. Em uma madrugada insone, vi 9 dos 10 episódios em sequência. O que mais me chamou a atenção? Uma jovem advogada que insistia em perguntar a todos sobre suas paixões sem nunca revelar a sua própria, até descobrí-la. E uma outra advogada perseguia seu sonho de ser sócia.
E eu então me peguei curiosa acerca das paixões e dos sonhos das pessoas. Eu acredito que há uma diferença entre sonho e paixão, embora eles possam estar conectados. Um exemplo: Eu sou apaixonada por escrever, eu perco horas escrevendo, lendo e relendo e fazendo as conexões entre todos os tópicos sobre os quais eu escolho escrever. No entanto, meu sonho mesmo, seria escrever um livro sobre memórias viagens. (Se você ainda não sabe, eu já escrevi um romance super teen no começo dos anos 2000 quando eu tinha 14 anos).
Eu tenho sonhado tanto quando durmo que parece que eu sentia falta de sonhar acordada, até me questionar sobre sonhos que sonhamos não para nós mas para outros. Ao longo desse mês, quis perguntar às minhas amigas que trabalham em diferentes áreas criativas acerca de “sonhos deixados pelo caminho”. E muitas comentaram sobre diversas situações nas quais os sonhos que tiveram para um determinado projeto foi deixado para trás. Muitos profissionais usam sonho como slogan: “materializo seu sonho”, mas e os sonhos que estes profissionais têm para estes projetos e que não se realizam? Pouco falamos sobre como o profissional criativo se doa pro projeto e sonha junto com o cliente.
Na China, por acaso, eu acabei visitando o tempo de Confúcio. É dele a frase: “Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida”. Eu discordo dessa frase. Acho que amar o trabalho pode, eventualmente deixá-lo mais leve, mas ainda assim é um trabalho. E, especialmente em carreiras criativas, embora amemos conceber projetos, dá muito trabalho sustentar a criação contínua de ideias. Afinal, não somos máquinas de ideias, né?
Há alguns dias, li este artigo no site da Sloan School, do MIT, com o título: “New study quantifies the impact of face-to-face interactions on innovation”, que disserta acerca da necessidade dos encontros na vida real, e das interações pessoais, para a inovação. Um tema mencionado é a serendipity (serendipitidade em português), e aqui eu não me refiro ao romance dos anos 2000 e sim ao acaso mesmo. Serendipity pode ser lido como acontecimentos ao acaso, e, segundo o artigo, pode ser fundamental na geração de ideias inovadoras. Em 2019, a revista Vida Simples publicou um artigo sobre o tema que trazia, inclusive, uma lista de itens que foram criados a partir destes “encontros ao acaso” como a vacina da varíola, o post-it, a insulina e a aspirina. A própria revista da MIT Sloan School já publicou um artigo questionando se o acaso poderia ser planejado (“Can Serendipity Be Planned?”).
Nem tudo precisa ficar a mercê do acaso, existem inúmeras ferramentas voltadas para brainstorming, criação de ideias e inovação. O livro que eu estou lendo atualmente é um exemplo disso. Baseado em atividades da d.School, a escola de design de Stanford, o livro Creative Acts for Curious People: How to Think, Create, and Lead in Unconventional Ways, de Sarah Greenberg, apresenta uma série de exercícios para encontrar soluções e desenvolver a criatividade. Outra fonte de exercícios voltada para a inovação e resolução de problemas é o método Knowbrainer, de Gerald Haman.
Eu ainda sou fã de uma boa caminhada como fomento de ideias. Lembra da Newsletter do bloqueio criativo? Vou colocar o link aqui.
Uma conversa com amigas, uma troca de experiências, também pode ser uma forma de gerar ideias. Passei por uma situação na qual, ao comentar com algumas amigas, tive ótimos insights! Nossos laços fortaleceram, aprendemos uma com as outras e tudo deu certo no final. Mas eu tive que aprender a pedir ajuda. Muitas vezes, pedir qualquer coisa, não é fácil, especialmente quando precisamos de uma ideia em relação à algo. Um livro que tem me feito refletir muito é o The Gift of Asking de Kemi Nekvapil. Estou ouvindo o audiobook, narrado pela autora, no Audible - em doses homeopáticas - e posso dizer que me ajudou muito.
Esses dias, uma serendipidade me fez relembrar de uns posts que tiveram suas produções paradas por aqui… Sabe quando uma música não sai da sua cabeça? Estive cantando os versos “Tall buildings shake/ Voices escape singing sad, sad songs”, na versão da Norah Jones, cantora que eu gosto muito, por vários dias. Então resolvi buscar por outras versões desta música para ver se ela saia da cabeça. Mesmo achando que a versão de Norah ainda é a melhor, gostei muito da versão de Wilco. Agora, o que eu gostei mesmo foi da capa do álbum que nos apresenta uma imagem linda do Marina City, uma conjunto de edifícios em Chicago. E aí eu lembrei de outra capa de álbum de uma cantora que eu também gosto muito: o álbum The Look of Love, de Diana Krall, que traz a cantora sentada em um recamier barcelona. Então, tem dois temas que eu quero muito que a gente converse: a importância da escolha desses edifícios ou mobiliários que são ícones em propagandas, capas de álbuns e etc.
E também, a cidade de Chicago como uma cidade incrivelmente maravilhosa, apesar do frio. E vou trazer o roteiro que eu fiz na cidade (finalmente!).
Viajar é uma das minhas paixões, e um dos meus sonhos era conhecer a cidade e, ali perto, a minha outra paixão, minha arquitetura preferida: a Farnsworth House, de Mies Van der Rohe. Na foto é possível ver as lágrimas nos meus olhos tamanha a emoção de estar naquele lugar!
Já que mencionei Chicago, é impossível falarmos da cidade sem mencionar um dos maiores mestres da arquitetura: Frank Lloyd Wright (FLW) - Aliás, você pode se hospedar em alguns dos projetos dele, sabia? Contei sobre isso aqui. A título de curiosidade: esses dias ouvi a música So Long, Frank Lloyd Wright, de Simon e Garfunkel e fui atrás da história da música para entendê-la. FLW era o arquiteto preferido de Garfunkel, mas Simon já queria desfazer a dupla, então, como uma homenagem ao amigo, e mencionando sua admiração pelo arquiteto, ele fez a música como um prenúncio de sua partida, uma despedida.
Para finalizar, outros sonhos:
Se você chegou até aqui… vamos lá!
Aproveitando que estamos no último trimestre do ano, gostaria de propor um projeto piloto! Comentei no instagram a ideia de fazer um Clube do Livro, o que vocês acham?
O primeiro, para lermos em Outubro, seria Brooklyn, de Colm Toibin, eleito um dos melhores romances históricos já escritos. Vamos falar sobre alguns pontos específicos do livro. O encontro será no final de Outubro (o livro é um tamanho ok, não se preocupe, dá tempo!) e eu pensei em começarmos num grupo menorzinho, talvez 10 pessoas, para que todo mundo consiga participar e dividir suas ideias. Posteriormente, farei um e-mail específico sobre isso, se você tiver dúvidas, pode perguntar.
Em Novembro, uma edição meio workshop de baseada no livro de organização vai sair do papel, finalmente! Como eu o anunciei há mais tempo, 7/10 vagas já estão preenchidas. Me avise se você tiver interesse em participar!
A leitura de Dezembro-Janeiro, bem férias, pensei que poderia ser Um ano de Viagens, de Frances Mayes. O que você acha?
Bom, por hoje é só. (E já são 23:34, ou seja, ufa, consegui!)
Nos veremos de novo, em breve.