#54 | Os lugares por onde passei: parte 1
Há exatamente 1 ano e 4 dias, no penúltimo dia de março de 2023, dei o start na minha newsletter. Deixei o medo de lado e o fantasma “o que os outros vão achar” trancado num sótão, para compartilhar todas às quartas-feiras uma crônica pessoal da minha vida comum, que inclusive foi como surgiu o nome ‘extra-ordinary’ - algo nada extraordinário.
Do fantástico mundo das ideias que deixamos guardadas numa gaveta, eu decidi a partir da edição #1 e num ato de coragem, dividir com outras pessoas a minha visão de ver o mundo.
E hoje eu vim contar pra vocês um pouco da minha trajetória profissional e o que aprendi pelos lugares onde passei, aprendizados esses, que fizeram ser que eu sou hoje. E é sobre isso que vou falar com vocês na edição de hoje.
Sempre me considerei uma pessoa emocionada, sensível e destemida - talvez, essas três palavras possam dizer muito sobre quem eu sou.
Por todos os lugares que andei no âmbito profissional, conheci pessoas, fiz amizades - inclusive, meus melhores amigos da vida adulta fiz nos meus últimos empregos -, e claro, querendo ou não, sempre aprendi alguma coisa. Tanto da forma mais dura e difícil, quanto de formas leves e muitas vezes, até divertidas.
No meu primeiro emprego CLT oficial aos 18 anos como assistente de vendas (temporário de 6 meses), entendi que não adiantava levar tudo para o lado pessoal e deixar o trabalho afetar quem você é. Teve um dia, que um cliente me chamou de incompetente porque eu não tinha conseguido um super desconto que ele queria. E aqui eu poderia dizer para você que não deixei esse pequeno insulto me afetar, mas na verdade, fiquei bem chateada e reativa, não lembro exatamente o que eu disse, mas ele falou assim: ‘só vamos tratar por e-mail a partir de agora’. Esse dia ficou marcado na minha cabeça com uma enorme lição: não leve para o coração comentários de pessoas que você não ousaria pedir um conselho.
E no ano que entrei para a faculdade de Publicidade e Propaganda (2015), eu assim como vários outros colegas, não trabalhava na área. E nessa época eu trabalhei como atendente de telemarketing na mesma universidade que eu estudava. Confesso que aprendi muito durante todo o tempo que fiquei por ali, mas sabia que não queria ficar por muito tempo nesse lugar.
Tem empregos que você sente na sua alma que não são para você. Você pode tentar enganar todo mundo ao seu redor, parecer que está feliz e realizado, mas lá no fundo, você sabe que aquele emprego não é pra você.
Eu, como uma boa caloura do curso de comunicação, queria com toda minha alma trabalhar na área. Talvez como forma de validação para a faculdade que eu havia escolhido e para sentir que estava valendo a pena.
Foi então que recebi um e-mail do banco de talentos da universidade, uma vaga para trabalhar na área e em uma empresa muito legal da região, eu não sabia naquele momento, mas essa vaga mudaria tudo.
No auge dos meus 21 anos, criei coragem para me inscrever numa vaga onde eu não sabia muita coisa além do que eu aprendia na faculdade. E detalhe, esse emprego era em outra cidade e eu estudava no período da noite. Ou seja, precisaria acordar às 05:30 da manhã para pegar o ônibus, ir até o escritório, trabalhar e no final do dia voltar para minha cidade, ir para a faculdade e voltar para casa às 23h da noite.
Preciso mencionar aqui que os meus pais foram totalmente contra essa mudança de rota. Veja bem, eu trabalhava na universidade onde eu estudava, saia às 14h do trabalho, tinha tempo de sobra para estudar, fazer academia e até dormir no período da tarde antes da aula. Mas não era isso que eu queria. Esse é um dos momentos canônicos na vida de qualquer jovem, ir contra o que os seus pais esperam de você.
Eu queria tanto aquela vaga que fiz de tudo para conseguir. Lembro da entrevista de emprego como se fosse hoje, quando me perguntaram:
— Você sabe fazer tal coisa?
— Eu prontamente disse: eu não sei, mas posso aprender.
Nesse mesmo dia recebi a ligação da empresa informando que eu era a candidata escolhida para a vaga. Eu não sabia se chorava ou ficava feliz, foi um misto de emoções. Lembro de ir correndo contar para minha mãe, ela olhar no fundos meus olhos e dizer que estava genuinamente contente por mim, que ela sabia o quanto eu queria isso e iria me apoiar. Eu não sei exatamente o que ela sentiu nesse dia, mas olhando pra trás hoje sinto que ela via que a partir daquele dia, eu seria do mundo.
Empregos e empresas tentam moldar o nosso comportamento, mas não mudam o nosso caráter e quem somos de verdade. E eu sabia que precisava dar esse passo ‘desconfortável’ na minha vida profissional. Longe de casa, ir de ônibus, dormir poucas horas e no fim, amadurecer.
Eu fui muito feliz nesse primeiro emprego real oficial na minha área, fiquei nessa empresa por quase 3 anos. Mudei de cargos, ganhei confiança e percebi que eu era boa em diversas coisas. Só infelizmente, não era remunerada o suficiente para a quantidade de coisas que eu fazia.
E mesmo que os outros dissessem que eu merecia outro emprego, lá no fundo, eu ainda não me sentia pronta para sair desse lugar.
Era quase como uma Malhação, todo mundo era muito jovem, tudo era motivo para happy hour e momentos de descontração. Ouso dizer que foi um dos lugares mais legais onde já trabalhei, e o melhor, as pessoas que trabalhavam lá eram especiais.
Nesse emprego comecei como assistente, depois social media e por fim analista de marketing. E uma das minhas funções era escrever textos que vendessem e gerassem leads qualificados (potenciais clientes) - depois que você trabalha com marketing digital, você meio que ama ou odeia todos esses termos.
E eu sempre gostei de escrever, contar histórias e me conectar com as pessoas de outra forma. Não por meio de um texto ‘compre, compre’. Lembro de ouvir em um dos feedbacks a seguinte chamada de atenção: La, você escreve bem, mas esses textos não vendem. Tenta ser menos emocional e focar mais na dor do cliente.
Mesmo amando esse emprego (que hoje percebo que não era o trabalho em si, mas sim as pessoas que faziam esse lugar ser tão legal), essas palavras mexeram comigo. Ali eu percebi que não era ficaria por muito mais tempo.
Mesmo não ganhando o suficiente para o número de coisas que eu fazia, indo de ônibus presencial todos os dias, dormindo pouco e ao mesmo tempo fazendo meu TCC, eu ainda não via que era hora de sair dali. Mas ao ouvir aquela frase, eu finalmente entendi que não era o lugar pra mim.
Chorei tanto no meu último dia de emprego, que mesmo depois de ter saído, ainda pensava se tinha feito uma boa escolha.
A grande questão é que certas coisas acontecem de uma forma tão inesperada e espontânea, que você não entende naquele instante, mas depois, todas as peças se encaixam. Precisei passar por essa empresa, aprender tudo o que aprendi, para finalmente clarear as minhas ideias e entender o meu valor.
E outra coisa, quando resolvi sair e ir para outro desafio profissional, eu sabia que em nenhum outro emprego eu teria a mesma vivência que eu tive nessa empresa. Foi ali que entendi que não tem como desgrudar a Laís pessoal da Laís profissional, que elas são a mesma pessoa. Com os mesmos valores pessoais, sonhos e objetivos.
Na próxima edição conto mais sobre os últimos dois empregos que tive, até o atual - onde tive que mudar de estado, alinhar a rota e continuar sonhando que é possível.
Te espero na semana que vem?
Um beijo,
La 💫
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📎 Bloco de notas
Coisas legais que gostaria de compartilhar com você.
Amei essa nova newsletter mana e sim… realmente precisamos sair do confortável para entender muitas coisas, mesmo que no momento atual não faça sentido algum.
Até semana que vemmmmm! 🥰😍🫶🏻✨
aaaaa e a curiosidade agora, como fica? hahahaha óbvio que estarei aqui na semana que vem! adoro a news e adoro te acompanhar no instagram tbm <3