Eu odiava escutar essa frase da minha mãe. Até podia não ser todo mundo, mas queria! Ser jovem é querer isso, não? Fazer parte, pertencer? Com o tempo essa coisa de ser jovem pode até passar, mas as redes sociais trazem de novo, como em uma adolescência tardia, essa necessidade para o nosso dia a dia. Todo mundo tá fazendo dancinha, todo mundo tá usando tal rede social, todo mundo tá migrando para o Koo! O quê?? Você vai ficar de FORA? Pior, você QUER ficar de fora? Nossa, bem que me avisaram que você é estranho…
O problema é que nós, que nos tornamos adultos sem consentimento, não temos mais essa voz martelando na nossa cabeça. Principalmente quem está nas redes sociais e enxerga nelas uma possibilidade de vender o próprio trabalho. Se todo mundo está fazendo, se está funcionando, então eu tenho que fazer também, não?
Então. NÃO. Pois é, quem diria, você não é todo mundo!
Se sua profissão não é influenciador digital, se sua profissão primária não é a rede social, você não tem que gastar mais tempo nisso do que no seu trabalho.
Esse último ano fiz minhas duas maiores campanhas de financiamento coletivo (até agora), a da HQ Guarás, do Felipe Castilho (oi, meu moço!), e a do livro Roteiro Falado - A Casa do Dragão, do PH Santos e Moacir Fio. O Felipe Castilho é escritor com mais de quinze anos de carreira, já teve livro na lista dos mais vendidos por semanas, foi finalista Jabuti, e odeia redes sociais com todas as suas forças. O PH Santos é comunicador e crítico de cinema desde 2005, especialista em séries e filmes, tem um canal de Youtube com quase 500 mil seguidores.
Dois perfis bem diferentes, com formas diferentes de se conectar com o público e usar as redes sociais, mas uma coisa muito importante em comum: os dois se importam. Em ouvir as pessoas, entender seu público. Cada um da sua forma, eles conquistaram a confiança das pessoas, a ponto de elas toparem acreditar num projeto: uma publicação independente. E os dois alcançaram as metas!
Financiamento coletivo é exatamente o que o nome diz, é um trabalho em grupo. Um sonho que se sonha junto. Deveríamos lembrar que redes sociais também são o que o nome diz. Você não vai em todas as festas da sua cidade só porque precisa divulgar seu projeto ou produto. Então por que se obrigar a estar em todos os outros lugares digitais?
Parece mais utópico que prático? Mas na verdade é só dar um passo para trás e pensar: aonde eu me sinto a vontade de estar? As vezes é na rede social de texto, ou de vídeo, ou naquela que poucos usam mas quem está lá gosta demais. Às vezes você prefere uma newsletter, participar de grupos, ou, veja só que coisas antiga, prefere ir nos eventos socializar! E nenhuma, NENHUMA dessas coisas está errada.
Errado é você se obrigar a ser todo mundo, agir como todo mundo, e quando quiser vender seu livro, produto ou serviço, ninguém saber te diferenciar de todas as outras pessoas que estão fazendo exatamente o que você faz. Seja honesto com seu público, e consigo mesmo. Esse é o seu principal diferencial.
Esse texto foi bastante visceral, mas acho que estamos aqui também para isso, né?
O incentivo para essa newsletter foi o texto que a Fernanda Castro enviou na newsletter dela, Às vezes eu falo de volta que deu merda, que fala sobre os limites, sobre mudanças, e sobre como as redes sociais podem ser exaustivas. Indico demais a leitura!
Trabalhar com marketing digital também é entender o lado negativo das redes sociais. Li essa matéria no Metrópoles sobre os 5 gatilhos de saúde mental que as redes sociais podem desencadear, acho importante pontuar aqui. Se até o Tom Holland deu um passo para trás, você também pode!
Vou falar um pouco sobre redes sociais e produção de conteúdo essa sexta-feira 24/03, às 19h, na live do Cobertura Nerd, focando em profissionais independentes. Vai ficar salvo também, caso queiram me ouvir falar ao invés de gritar com os dedos.
Espero que você esteja bem, bebendo água e dormindo o suficiente. Ou pelo menos tentando!
Quando a news chega na hora certa <3 Eu curto redes sociais, mas descobri nos últimos meses que só isso me mata por dentro. Saudades demais de eventos, de agregar os amigos, conhecer gente, bah. Mas é difícil ver todo mundo fazendo as coisas de outras formas e sentir que se está "ficando pra trás". Brigada pelo lembrete de que tá tudo bem levar do seu jeito, Li! <3
saudade de quando redes sociais distraíam mais do que destruíam.