Tratamento do hipotireoidismo – três obstáculos
Três questões para se levar em conta na abordagem do hipotireoidismo
[Imagem: fdoctor.ru]
Hipotireoidismo é uma enfermidade de importância estratégica, muitíssimo mais comum do que se pensa, e está por trás de um leque de doenças crônico-degenerativas. Não é esse, ainda, o entendimento da medicina oficial. Mas há evidências mostrando a epidemia de hipotireoidismo.
Muito frequentemente, portanto, uma pessoa necessitaria diagnosticar e tratar seu hipotireoidismo, só que, no caso dessa disfunção tireoidiana, estratégica, três grandes dificuldades precisam ser levadas em conta.
A primeira, a da alimentação. Povos antigos – mesmo sem consciência – já incluíam a tireoide na sua alimentação. Explicando: consumiam animais pequenos inteiros [aves e peixes, pequenos mamíferos e répteis, por exemplo, com suas tireoides] e, por outro lado, não descartavam a tireoide dos mamíferos abatidos. Um caldo de peixe pequeno [peixe com cabeça], um caldo de cabeça de peixe [só da cabeça], traz uma boa oferta de tireoide biodisponível para quem os consuma. Em certas comunidades isso era [e ainda é, em alguns casos] rotina eventualmente semanal.
Portanto, a alimentação tinha um poder terapêutico que hoje já não possui. Com a entrada em cena das agências reguladoras estatais, a tireoide dos animais abatidos não mais chega ao mercado. Foi proibida. Você não vai mais encontrá-la nem na parte do animal que comprar e nem à parte, separada. Essa é a primeira dificuldade.
Uma boa sopa de cabeça de peixe, regularmente, pode, como foi dito, no entanto, suprir determinada demanda de hormônios tireoidianos.
A segunda dificuldade vem de mudanças ocorridas na medicina. Esta tornou o diagnóstico de hipotireoidismo uma coisa rara, pouco frequente. Casos graves – com nódulos, anticorpos antiTPO e TSH muito alto – são diagnosticados e tratados [em geral com o hormônio inadequado, o T4]. Comumente, no entanto, a pessoa é diagnosticada com uma doença específica, da qual apresenta sintomas, mas a tireoide, o diagnóstico de hipotireoidismo, fica de fora. Um dentre inúmeros exemplos vem a ser a doença cárdiovascular.
No entanto, hipotireoidismo é demasiado comum embora não esteja muito presente no diagnóstico médico. Este diagnóstico também, por sua vez, mudou, perdeu sua precisão, frequentemente baseado, hoje em dia, em testes laboratoriais que dizem pouco ou nada [Ver aqui e aqui ].
No entanto, é comum que as pessoas estejam estressadas por mil razões e estresse significa cortisol e estrogênio altos o que leva à inibição da tireoide. E à queda crônica da temperatura corporal e pulso [e reflexo de Aquiles]. E leva graves disrupções hormonais crônicas.
Portanto, hipotireoidismo é comum, apenas é subdiagnosticado. Esse é o segundo grande problema.
A terceira dificuldade decorre da segunda. O tratamento do hipotireoidismo virou um problema. Feito com extratos químicos cheios de aditivos – na melhor das hipóteses – abandonou o uso secular - e mais adequado - da tireoide dessecada, extraída da tireoide de porco, por exemplo. Que já vem na proporção humana, fisiológica, de mais ou menos 9 mcg de T3 para 36 mcg de T4.
No início do século passado, era normal o doutor recomendar a tireoide dessecada [pó da tireoide do mamífero ou glandular] e a indústria produzia, normalmente, a tireoide dessecada, a exemplo do extinto produto da Armour, citado mais de uma vez por R. Peat. A partir, mais ou menos, do pós-II Guerra, as agências reguladoras de Estado proibiram a venda avulsa da tireoide dessecada e à medicina só foi permitido prescrever, como regra, extrato químico de tireoide e, mais recentemente, entrou na moda médica prescrever apenas o hormônio inativo [T4] como medicamento.
Sempre em uma abordagem aquém da importância que possui o hipotireoidismo. Na faculdade de medicina tireoide nunca foi tema com a centralidade merecida.
Ou seja, resumindo, a alimentação passou a ser absolutamente depletada do hormônio tireoidiano do animal, a medicina subdiagnostica o hipotireoidismo [e com testes problemáticos] e, ainda por cima, prescreve um tratamento, para dizer o mínimo, discutível.
Essas questões estão a merecer um debate aberto por aqueles interessados em resolver um problema hoje amplamente responsável por grande parte das doenças crônico-degenerativas.
Confira o resumo desse texto no áudio a seguir.
GM Fontes, São Paulo, 23-12-23