Ser parte de um Movimento de Escritoras
Um Grande Dia para as Escritoras e a celebração da escrita feita por mulheres
Em homenagem ao lançamento do livro Um Grande Dia para as Escritoras - Autoras do Brasil mostram a cara (Editora Bazar do Tempo) na semana passada, vou postar aqui a primeira versão do texto que escrevi pra fazer parte dessa coletânea, antes da edição final.
O livro é um registro coletivo do movimento Um Grande Dia para as Escritoras, que se alastrou pelo país a partir de junho de 2022 convocando as escritoras de todo o país a se apresentarem e se juntarem em imagens históricas. É uma espécie de raio-X inédito da produção feita por mulheres no Brasil (e de brasileiras vivendo no exterior) que, antes, se mantinha invisível para o mercado literário. Além do meu texto, conta com depoimentos de escritoras de todas as cidades e textos das organizadoras e escritoras Giovana Madalosso, Paula Carvalho, Esmeralda Ribeiro, Sony Ferseck e Deborah Goldemberg.
Um livro que celebra as mulheres brasileiras que escrevem.
Que alegria fazer parte dele.
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Um Grande Dia para as Escritoras em Tallinn
No Instagram, descobri que haveria um encontro do Grande Dia organizado pelas Escritoras em Londres, em frente ao London Eye. Seria uma oportunidade incrível de conhecer outras escritoras brasileiras, porque, naquele momento, era uma recém-chegada na cidade. Porém, na data do evento, eu tinha uma viagem marcada para a Estônia e não poderia participar da foto londrina.
A princípio, fiquei chateada de estar longe de Londres em um momento tão singular.
Mas eu não poderia deixar de fazer parte de um evento tão incrível como o Grande Dia, nem que fizesse a foto sozinha. Afinal de contas, poucos anos antes, após trabalhar mais de doze anos no mercado financeiro, realizei uma transição de carreira e me assumi escritora. Nesse processo, passei por uma sequência infinita de reafirmações sobre a importância de me conectar com a arte, com a literatura e com as paixões que carrego dentro de mim. Estar ali no Grande Dia, portanto, seria mais uma forma de reafirmar que a mudança estava valendo a pena.
Então, decidi que participaria do Grande Dia a partir de Tallinn, a capital da Estônia.
Era um sábado ensolarado de verão e a cidade estava lotada de turistas conhecendo ruas e edificações medievais. Testei diferentes locais para a foto em Old Town, onde estão concentrados os principais pontos turísticos, e acabei escolhendo um cenário em que é possível ver a antiga muralha medieval de Tallinn, datada do século XIII.
Com meu livro nas mãos, posei para a foto e pedi para meu marido registrar o momento.
Ao olhar a foto, vejo que a imagem é uma analogia apropriada para a minha vida como escritora. Eu me vejo em um lugar desconhecido, cercada de pessoas que não me conhecem, me adaptando a um idioma estranho e me sentindo, por vezes, solitária.
Mas, continuo sorrindo. Sempre.
Participar do Grande Dia me deu a sensação de pertencimento que me faltava uma vez que decidi abraçar a carreira de escritora. Ainda que a literatura escrita por mulheres seja cada vez mais presente na minha vida, não só pelo meu trabalho artístico, mas também pelas minhas leituras, pela legião de novas escritoras no mercado editorial e pela maior representatividade de mulheres em eventos literários, ver essas escritoras unidas em dezenas de fotos no Grande Dia, em todo o país, foi especial, contagiante, emocionante.
Surpreendentemente, por mais que estivesse milhares de quilômetros distante das demais fotos, me senti conectada a cada uma das escritoras das mais de 50 cidades em que o Grande Dia marcou presença.
Éramos parte de um abraço único, de puro amor à escrita e, por isso, mais fortes em nossas lutas e propósitos.
No Grande Dia, Tallinn virou um pouquinho de Brasil.
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